27 de março de 2009

Alimento orgânico avança no mundo - e também no Brasil

A busca por hábitos mais saudáveis fez surgir no início da década de 1990 o conceito do alimento livre de insumos químicos e que utiliza apenas fontes de nutrientes naturais durante sua plantação e desenvolvimento. Os anos se passaram e a ideia do alimento orgânico, agora pautada pela questão da sustentabilidade, se tornou uma oportunidade de negócios que já movimenta o equivalente a cerca de 132 bilhões de reais em todo o mundo. Segundo dados da organização da BioFach, maior feira de orgânicos do planeta, a estimativa é que esse mercado chegue aos 176 bilhões de reais no ano que vem.

No Brasil, as redes de supermercados estimam que suas vendas de orgânicos cresçam à taxa de 25% ao ano. Devido à alta do consumo, o Ministério da Agricultura apresentou na última sexta-feira o selo Orgânico Brasil, que entrará em vigor em janeiro do ano que vem.

Demanda supera oferta - A prova de que o orgânico saiu dos cantos esquecidos das prateleiras dos supermercados brasileiros e passou a fazer parte da estratégia de investimentos das empresas está nos números de algumas das grandes redes de varejo. Só o Grupo Pão de Açúcar faturou 28,5 milhões de reais em 2008 apenas com a venda de itens hortifruti orgânicos. Em 2002, a cifra não passava de 6 milhões de reais. Se considerado a venda total de alimentos orgânicos, o número salta para 40 milhões de reais.

Segundo Sandra Caíres, gerente de desenvolvimento de produtos orgânicos da rede, a previsão do grupo é crescer pelo menos uma média de 25% por ano. "Só não crescemos mais porque a demanda é maior que a oferta de produto", diz. O grupo também pretende investir 10 milhões de reais neste ano na marca de produtos orgânicos TAEQ e aumentar o sortimento de orgânicos nas lojas da rede Extra, de perfil de consumo mais popular. "Se considerarmos que os orgânicos representam apenas 2% do universo de mercadorias das nossas redes, percebemos que temos muito a crescer", acrescenta.

Mas nem só nos supermercados estão os orgânicos. Alguns empórios, restaurantes, cafés e até mesmo padarias oferecem esses produtos. Além desses locais, também é possível encontrá-los nas feiras livres orgânicas em algumas cidades, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Clique aqui para conferir os endereços.

Da fazenda à mesa - Outra grande rede de supermercado que continuará investindo na participação dos produtos orgânicos é o Carrefour, que comercializa orgânicos de várias marcas há mais de sete anos e desde 2006 conta com 150 itens da linha Viver Orgânico. A rede também utiliza agências externas independentes que certificam os produtos vendidos nas lojas.

"Os técnicos das certificadoras visitam toda a cadeia de produção, desde a fazenda até a indústria, e fazem uma checagem criteriosa para verificar os métodos de plantio e processamento, de acordo com padrões internacionalmente estabelecidos", garante Fernando Del Grossi, gerente de pesquisa, desenvolvimento e qualidade. Nos dois casos, os maiores consumidores são os grandes centros urbanos. A cidade de São Paulo lidera a lista, seguida pelo Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte e Porto Alegre.

Cachaça orgânica - Segundo dados do Ministério da Agricultura, o Brasil possui 800.000 hectares de terras destinadas à agropecuária orgânica. Há ainda cerca de 15.000 produtores: 68% deles estão fixados na região Sul, 13% no Nordeste, 10% no Sudeste, 5% no Centro-oeste e apenas 4% na região Norte. Além do hortifruti, das carnes e do extrativismo, como o palmito, o Brasil começa a diversificar sua linha de produtos. Já é possível encontrar cachaça, soja, vinagre, castanha do Pará, chocolate, além das commodities (café, açúcar, arroz, feijão) e até cosmético e tecidos orgânicos.

Em 2008, o país exportou pouco mais de 12 milhões de dólares para 35 países, com uma pauta composta principalmente de produtos primários. Na opinião da diretora técnica da Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), Silvia Wachsner, se o Brasil quiser competir e ganhar espaço em outros mercados, como a Europa, terá de industrializar sua produção orgânica. Mas, antes, tem de tornar seu preço mais competitivo. "Na Europa, os orgânicos já competem com preços muito próximos dos demais produtos", diz Wachsner. "Aqui, essa diferença chega a ser de no mínimo 30%", ressalta.

Para ela, a razão dos altos preços é a baixa escala da produção. Isso porque, em geral, a produção dos itens orgânicos ainda está concentrada nas pequenas fazendas e proprietários. "A solução é a formação de cooperativas ou associações, só assim eles vão gerenciar melhor a logística e conseguir baixar o custo final."

Por: Luiz de França

Fonte: Veja.com

2 comentários:

Marcos Tony disse...

Ufa, quase 20 postagens hoje.
Bom final de semana para todos!!!!!!!!!!!!!!!

Vânia disse...

Nossa Marquinhos, está trabalhando muito por aqui e ainda está ótimo.

Estou adorando tudo.
Ótimo final de semana para todos também.

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