18 de janeiro de 2008

Dráuzio Varella esclarece dúvidas sobre febre amarela 14 de janeiro de 2008.

O doutor Dráuzio Varella participou, neste domingo (13) do programa Fantástico, da Globo, para esclarecer dúvidas sobre a febre amarela. Ele avisa: não há motivo para pânico!

Um corre-corre foi causado pela suspeita de que estariam ocorrendo mortes por febre amarela. Até agora, o Ministério da Saúde só confirma dois casos da doença e 22 outros casos estão em investigação, incluindo a morte de um estrangeiro em Goiânia, no sábado. Mas afinal o que é febre amarela? Como se contrai a doença? Quem precisa tomar a vacina? E o mais importante: será que estamos diante de uma nova epidemia? Formas de transmissão A febre amarela é uma enfermidade causada por um flavivírus, um tipo que é parente do vírus da dengue. Existem duas formas de transmissão: a silvestre e a urbana. Na silvestre, a transmissão ocorre através da picada de mosquitos da família haemagogus, que vivem nas matas. Eles adquirem o vírus ao picar animais, sobretudo macacos. É o ciclo macaco-mosquito-homem. Já a febre amarela urbana é transmitida pelo aedes aegypti, o mesmo mosquito da dengue que adquire o vírus da febre amarela ao picar seres humanos. É o ciclo homem-mosquito-homem. “Desde que a epidemia foi controlada, vez ou outra nós temos casos de pessoas que entram nessas áreas sem estarem imunizadas. Não existe nenhuma evidência de que essas pessoas possam ter adquirido a infecção em áreas urbanas”, afirma Valdiléa Veloso, infectologista da Fundação Oswaldo Cruz. “Desde 1942 que nós não temos um caso de febre amarela urbana no Brasil e continuamos não tendo”, avisa o ministro da Saúde, José Gomes Temporão. A doença surgiu na África. Chegou aqui nos porões dos navios negreiros e se espalhou pelo país inteiro. Em 1900 ficou demonstrado que quem transmitia a febre amarela era um mosquito, o aedes aegypti. Aí veio Oswaldo Cruz e liderou uma grande campanha de combate aos focos de mosquito. Foi o combate ao mosquito, antes da existência da vacina, que acabou com as epidemias de febre amarela nas cidades brasileiras.

No Brasil, as regiões Norte e Centro-Oeste e os estados do Maranhão e de Minas Gerais são consideradas de risco mais alto. O sul da Bahia e o norte do Espírito Santo são áreas de risco médio. O sul do Piauí, e o oeste dos estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul são consideradas áreas de risco bem mais baixo. Quais as pessoas que realmente precisam tomar a vacina contra febre amarela?

“Apenas as pessoas que vão viajar para as áreas onde existe o ciclo silvestre. Nessas áreas de risco, a maior parte da população já está imunizada”, afirma Valdiléa Veloso.

Não há razão para pânico. Você mora na cidade e vai engrossar as filas em postos de saúde? E aí as pessoas que vão viajar e vão entrar na mata não conseguem tomar a vacina.

Uma vez vacinado, você fica protegido contra a doença por um período de dez anos, sem necessidade de reforço. A vacina é contra-indicada para crianças com menos de seis meses, grávidas e pessoas que estejam com baixa imunidade Três anos atrás, Dr. Drauzio Varella cometeu um erro grave. Foi para a Amazônia e entrou na mata com a vacina vencida há mais de 20 anos. Ficou lá sexta e sábado. Na madrugada de domingo para segunda, acordou com um frio como nunca tinha sentido na vida. A febre amarela não é uma dessas doenças que começa e você vai ficando cansado. Ela não se instala devagar. Ela vem com tudo. Dali a dois, três dias, a doença toma dois destinos. Em uma parte dos pacientes ela vai devagar. Começa a melhorar, gradativamente. E depois de uma semana você está bem. Muitos têm febre amarela e nem percebem.

De cada quatro, um tem a forma grave da doença, que foi o caso do Dr. Drauzio. Ele foi hospitalizado com febre alta, os olhos foram ficando amarelos - por isso é que se chama febre amarela. Teve muita dor no corpo. Depois de uns três ou quatro dias de internação, os exames estavam tão ruins, e ele estava se sentindo tão derrubado, que achou que ia morrer. Não tem um remédio que mate o vírus. O tratamento é dar soro e medidas de suporte para te manter vivo enquanto o organismo encontra forças para escapar e se curar sozinho. Mais ou menos 50% a 60% dos doentes que chegam nessa fase morrem de febre amarela.

“É uma doença muito grave. Eu não aconselho ninguém a cometer o erro que eu cometi”, adverte Dr. Drauzio.

Fonte: Fantástico - Globo - A.L

3 comentários:

Anônimo disse...

Pessoal,
As autoridades dizem que não há motivo para pânico, mas quem não fica com medo???
O vetor da Febre Amarela é o mesmo da Dengue, o Aedes aegypti que já é popular e "velho" conhecido nosso. Ele voa entre nós sem a menor cerimônia, e ainda conta com a ajuda da falta de esclarecimento de uma boa parte da população brasileira e, principalmente, com a falta de cuidados para que não criemos ambientes propícios à proliferação deste mosquito.Não podemos esquecer a parcela de culpa do nosso governo, pela falta de investimento nos setores da Saúde e Saneamento Básico.
E sem contar que, apesar de não irmos às regiões de risco não estamos livres de pegar esta doença, pois se ela chegou ao Brasil do continente africano, então como foi passada para as outras pessoas????? Pelo mosquito que picou uma pessoa infectada com a doença e este mesmo mosquito picou outras pessoas...Aí está! Resultado: epidemia.
Fiquem atentos!!!

Anônimo disse...

Vania:
Pode não haver motivo para pânico, mas com certeza há motivos para revolta. Ver gente morrer por uma doença para a qual existe vacina? Isso é normal? Daqui a pouco vão falar que "só" morreram duas pessoas. O ministro que vá falar isso lá para a família das vítimas. Tivemos a campanha em massa em 1986 e depois disso nunca mais, como se o problema tivesse sido solucionado.
Estou em pânico sim, por saber que as autoridades competentes não dão o menor valor para a vida humana.
Abraços

Anônimo disse...

Alessandro, além da revolta quanto ao descaso descarado dos políticos, eu também estou em PÂNICOOOO!

Já pensei em ir ao posto de saúde e dizer que minha família vai viajar para o Mato Grosso, só para tomarmos a vacina.É a lei do instinto de sobrevivência...pô!!!

Na próxima semana estarei consultando a médica dos meus filhos, somente por desencargo de consciência, pois algumas pessoas não podem tomar a vacina.Me parece que pessoas que têm alergia ao ovo também não podem tomar a vacina.

Socorrooooo...

Abraços.

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